Aceita.
Se da pedra surgir vida, não deixes que o destino decida.Aceita.
Faz desse gesto um romance que começou com um pequeno nada.
Aceita-a do chão. Diz que sim. Antes que, no próximo passo, fique esmagada.
Colhe essa flor. Dá-lhe água e calor. Vais ver. Deixa-a crescer.
Dar-te-á um jardim. E, à sua volta, uma floresta encantada.
Uma vez, aceitei uma flor vinda do ar.
Bastou-me estender a mão para aceitar.
Não parece um esforço impossível, é verdade.
Mas, às vezes, a flor é invisível quando o chão é a crua vaidade.
Algumas flores caem como se ouvissem um não.
É a recusa da cegueira das pessoas que não vêem à primeira.
Não faz mal.
Quando não se vê, não vale.
A flor só está pronta a colher quando os olhos estão prontos para a ver.
Se a flor te falar e disser o teu nome, não te assustes.
É só até o pensamento se acostumar. Depois, o coração faz os ajustes.
Colher uma flor é um gesto de amor.
É um sorriso de cor.
É um beijo de carinho.
É um abraço que deixa de estar sozinho.
Se, um dia, o chão te oferecer uma flor, aceita esse gesto de impossível valor.
Pega-lhe com delicadeza. Respeita-lhe a leveza.
O afecto não é uma causa perdida.
Nem uma ilusão diluída.
O futuro é uma espécie de amor prometido por um adivinho.
Aceita essa flor e leva-a contigo o resto do caminho.
Guarda-a para a vida.
4 comentários:
Alma aberta, receptividade, sensibilidade = UNIVERSO.
Parece poesia.
:)
TERESA, o universo é mais pequeno do que se pensa; apesar de infinito, cabe-nos na cabeça. :)
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Eli, tecnicamente, é prosa poética mas isso, tecnicamente, não interessa para nada. As palavras são o que cada um ler nelas. ;)
E se deixasses a flor sossegadinha, hã?
Quem diz que ela existe para ti e não para ela própria??
Não sabes que colhê-la é matá-la?
Sente-lhe o perfume e tira-lhe uma fotografia com os olhos da alma. Assim, será sempre tua, no conjunto das memórias. :)
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