foto de sergiemag
Oferecemos aos nossos mortos coisas que matámos. Porquê?
Celebramo-los com beleza arrancada da terra e velas que não duram.
Cada campa devia ter uma árvore plantada e uma chama que jamais se apaga.
Todos os demais tributos são apenas pequenos frutos que saciam somente os pardais.
Roubamos flores à vida, como se elas nos devessem essa contrapartida.
Uma flor não nos deve nada. Mesmo aquelas que plantamos têm a dívida saldada.
A simplicidade da vida não deve nada a ninguém.
Mas nós inventamos e complicamos. Sem isso, olhamos para as nossas expectativas e sentimo-nos sempre aquém.
E se oferecêssemos aos nossos mortos a nossa vida?
Não lhes devemos essa riqueza perdida?
Eu digo que devemos. E sabemos. Mas não o fazemos.
A única maneira verdadeira de oferecermos as nossas vidas aos mortos é vivê-las por eles. Quando nos desperdiçamos enchemos de cobiça aqueles que se vão.
E, como se os quiséssemos arreliar, vamos enfeitar de vida efémera os lugares onde eles jazem no chão.
Não é com essa intenção que o fazemos. O que é triste é que, se há outra maneira, nós não a escolhemos.
Celebramo-los com beleza arrancada da terra e velas que não duram.
Cada campa devia ter uma árvore plantada e uma chama que jamais se apaga.
Todos os demais tributos são apenas pequenos frutos que saciam somente os pardais.
Roubamos flores à vida, como se elas nos devessem essa contrapartida.
Uma flor não nos deve nada. Mesmo aquelas que plantamos têm a dívida saldada.
A simplicidade da vida não deve nada a ninguém.
Mas nós inventamos e complicamos. Sem isso, olhamos para as nossas expectativas e sentimo-nos sempre aquém.
E se oferecêssemos aos nossos mortos a nossa vida?
Não lhes devemos essa riqueza perdida?
Eu digo que devemos. E sabemos. Mas não o fazemos.
A única maneira verdadeira de oferecermos as nossas vidas aos mortos é vivê-las por eles. Quando nos desperdiçamos enchemos de cobiça aqueles que se vão.
E, como se os quiséssemos arreliar, vamos enfeitar de vida efémera os lugares onde eles jazem no chão.
Não é com essa intenção que o fazemos. O que é triste é que, se há outra maneira, nós não a escolhemos.
17 comentários:
Adorei a tua reflexão. É verdadeira, real e isso custa, porque é o que acontece. A maior homenagem que se pode fazer aos que partiram é viver, é dar vida à vida, o que raramente acontece! Parabéns :)
bonito
E não achas interessante que além de todos os erros de dávidas e oferendas, o façamos no dia errado?
E não é triste que uma tradição que garantia doces e pão aos mais desfavorecidos se esteja a perder?
(E se eu te tivesse batido à porta esta manhã e te pedisse os "bolinhos santinhos", o que terias para me dar?)
Only Words, eu sou um espelho do caraças! É cada reflexão que me sai do vidro...! :)
~
Sofie... é.
~
Fada, qualquer alma desafortunada que me bata à porta, ao domingo de manhã, está tramada.
E se tivesse sido ao meio-dia? Ou à tarde? Ou "late at night"?
E se não for desafortunada?
Deixa ver se eu consigo resumir isto em poucas palavras: o domingo é um dia asqueroso!
Feliz de ti. :)
Não será antes a segunda-feira?
Sou, sim! :D
Segunda-feira também é um dia razoavelmente odioso.
Lança foguetes.
:p
Lanças comigo?
Em questões de lançar foguetes, eu sou mais de ficar a ver. (preciso das mãos para tapar os ouvidos)
E se eu te arranjar uns protectores auriculares, lanças?
E depois quem é que apanha as canas?
É preciso alguém apanhá-las?
Alguém gosta de ver as ruas cheias de lixo?
Provavelmente, aqueles que o deitam para o chão...
Mas terias de ser tu a apanhar as canas? Teriam mesmo de ser apanhadas?
Não serão elas biodegradáveis?
"Blá, blá, blá" é verdadeiramente uma expressão?
O que tem isso a ver para a conversa?
No entanto, creio ser uma expressão, pois muita gente a usa. Tu não?
Enviar um comentário